segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

[Impressão] Homo -cyber

Livro: Os meios de comunicação como extensões do homem - Mcluhan



Tenho o prazer de acordar cedo, com o doce alarme de meu celular
Meu livro de cabeceira esta lá, intacto
Sei que preciso ler o mais depressa possível
Pois o computador me chama com veemência
E se esse me falta, irrito-me e me entrego a televisão
Mesmo achando-a obsoleta em vista do mar de opções que encontro na internet.

Vou ao ponto de ônibus ouvindo meu MP3
A música do rádio me parece um tanto massificada
Prefiro minhas seleções, ouço a música que quero e na altura que quero
Afundo-me em minha individualidade, sem essa de laço social.

Passo por um lindo gramado e penso
"Daria uma bela foto"
Armado de minha câmera compacta, eternizo o momento
Faço dele o meu olhar, recorto, construo e recrio.

Como bom escritor, ou aspirante à
Anoto uma idéia repentina, com uma fluência espantosa
Me recordo do livro, da TV, do celular, da câmera e do Computador
suo frio e penso:

"Meu deus, não suportaria ter vidido a 400 anos atrás"

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Doces Desvaneios

Não sei até que ponto o alcool é o melhor ou o pior amigo do homem. Talvez dependa de cada um, e o meu posicionamento a muito já foi decidido.

A esses doces devaneios atribuo os danos mais colossais de minha alma, feridas de um amargo frescor.

Creio que se existe um demônio na terra, esse reside no álcool. Capaz de dar vida aos desejos mais imorais e passionais, a liberalidade do álcool me assusta. Sua libertação se resume ao passado e ao futuro, juntamente com tudo que neles há.

O presente é o determinante, o agora. Mas infelizmente a vida possui uma dinâmica um tanto mais complexa que o imediatismo da embriaguez. A vida torna-se rala quando diluída nesse mar de paixões... um ato impensado e será tarde demais para reverte-lo, não haverá álcool o bastante no mundo para afogar seu arrependimento no dia seguinte, ó, o duro dia seguinte.

O pior defeito, ou efeito, desse demônio é esconder-se na manhã, geralmente com o raiar do sol onde a lembrança da noite empalidecem o seu rosto. O demônio deixa você encarar as conseqüências sozinho. Sem música, sem amigos e sem o fluir sexual da noite anterior. Conseqüências demasiado reais para experiências que agora figuram como lúdicos sonhos em suas lembranças.

Longe de ser um árduo defensor da moral, acredito apenas no uso responsável do álcool. Você pode não ter consciência de seus atos quando embriagado, mas por sua embriaguez é completamente responsável e por tudo que ela acarreta.

“Quem não bebe tem algo a esconder”, brilhante, assim definiria a afirmação de Baudelaire. Não bebo pois tenho algo a esconder, a desconhecida fera que vive enjaulada dentro de mim, conheço-a apenas o bastante para detestá-la com todas as minhas forças.

Ressentido pela minha dor e por toda essa inútil responsabilidade, penso em juntar-me a eles já que não posso vencê-los.
Abriria a jaula e libertar-me-ia dessa abominável fera, junto com toda a minha razão. Famintas estariam as minhas paixões, arruinaria expectativas, destruiria relações, desconsideraria tudo e a todos e do vazo do erro beberia incessante.

No dia seguinte atribuiria toda a culpa ao álcool, imploraria compaixão, apelaria para os sentimentos afim de aliviar-me de meu peso que transita entre culpa, e satisfação e egoísmo.

Mas creio não ser capaz de tamanha crueldade.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Opinião Pública como reflexo da Moral vingente

[Após assistir um programa Observatório da Imprensa)]


Costumamos importar termos e conceitos e utilizarmos dele sem conhecer o verdadeiro significado do mesmo. Isso acontece em todas as classes e níveis de instrução, percebi isso ontem, quando vi um renomado economista fala sobre "Opinião Pública Mundial" em um programa de TV aberta, o que causou profunda dor aos meus ouvidos.

Já me apropriando do conhecimento de Pierre Bourdieu em "A Opinião Pública não Existe", é difícil levar a sério o que se considera "Opinião Pública".

Essa opinião foi contra o assassinato da "pequena Nardoni", a filha do Brasil (hahaha). Dezenas de pessoas faltaram ao trabalho e deixaram seus afazeres para fazer vigílias em frente a delegacia e ao condomínio onde o crime aconteceu, a opinião ai se manifestou em valores concretos (Terrível o efeito dos meios de comunicação, não?).

Mas em relação ao esquartejamento de duas crianças na periferia naquela mesma semana, a opinião pública não se manifestou, se quer ficou sabendo. A opinião pública só se posiciona em relação ao que chega ao seu conhecimento (passando assim por um filtro midiático). Ela devia procurar informar-se um pouco mais.

Isso quando ela não é usada como ferramenta de pressão política dentro de um determinado contexto.

Grande parte das pessoas não tem instrução o suficiente para opinar sobre determinados assuntos. Somos todos contra o uso de propina, inclusive aqueles que não sabem o que isso significa.

O conceito desrespeita questões de gênero e cultura, é uma representatividade vazia e disforme.

O conceito é extremamente massificante e destrói a pluralidade das opiniões, mesmo que em nível municipal.

Talvez você ache o crime dos Nardoni à coisa mais irrelevante do mundo em vista das atrocidades e assassinatos que acontecem regularmente em nosso país, mas de qualquer maneira você está incluído nessa opinião como se alguém houvesse lhe questionado sobre isso. Como você imitiu essa opinião? Através da moral.

Se essa opinião é reflexo da moral, é acima de tudo é mutavel e questionável (e se tratando do que representa, em grande maioria equivocada e retrógada)

Sendo assim a opinião pública mais se parece como um reflexo moral. O que é moralmente condenável, a opinião pública condena.

A Opinião Pública é contra os escândalos no Distrito Federal, mas o brasileiro continua a usar a impressora do trabalho para imprimir coisas de interesse particular, incluindo dos familiares. Ou então abafando o desvio de dinheiro de seus superiores graças ao medo de ser demitido.

E mesmo sendo contra a esse delito, não nos certificamos que não faríamos o mesmo. Do lado de cá tudo parece um pouco mais simples, você sabe, somos todos corrompidos pelo sistema. Quantas vezes você já ouviu "O mundo é dos espertos"?



Sendo assim a Opinião Pública é hipócrita, pouco expressiva e extremamente vulnerável a manipulação midiática.

Levando em consideração as diferenças culturais, logo as diferentes morais e as pluralidades em questão o conceito Opinião Pública Mundial também não lhe dói os ouvidos?


por Marcelo Horst
Contribuição significativa de Dani Braga.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

[Impressão] - Corre, Corre

Livro: Assim Falava Zaratustra - Nieztsche

Corre corre pequenino!
Atrás do além homem
Que já está muito a sua frente
E não está afim de lhe esperar

Corre corre miserável!
Atrás daquele que será
Mas não sem muito esforço
O verdadeiro salvador

Corre Corre moribundo!
E deixa essas tralhas para trás
Quebrai as velhas tábuas!
Mas quem há de dar o primeiro passo?

Corre, Corre ser abandonado!
Seu PA i vos espera
Em meio a solidão, do lado de fora da caverna
Mas terá você coragem de deixar as confortáveis sombras?

Corre, Corre mesquinho!
Você precisa abandonar
Toda a mesquinhez de sua alma
Menos divino e mais humano, é assim que vai ser!

Corre, Corre apressado!
Ainda a tempo de mudar
È necessário descer as trevas
Pegar impulso e alcançar o cume
Onde te espera, de má vontade, o “além homem”.

Não é ser forte e nem fraco
é apenas ser humano

Assim falava Zaratustra.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

[Impressão] - Sócrates, O Culpado!

Livro: Apologia a Socrates - Platão

Culpado! E nem sua eloqüência te livrou dessa, velho desgraçado!
Tu corrompeste a juventude ateniense e por isso teve de pegar. Pregou a verdade, a sua verdade.
Tu, mestre na arte de perguntar, enrolava esses pobres coitados em um manto de questionamentos que dificilmente conseguiriam se livrar. Sua soberba era tão grande que nem em frente daqueles que podiam lhe condenar a morte abaixaste sua crista.
Feriu as leis e desacreditou todos os deuses, institui o Deus em cada um, antropocentrismo às avessas, como alguém pode desacreditar a existência dos Deuses?
O oráculo de delfos é uma piada, tu, mestre da falácia o homem mais sábio do mundo? Poupe-me, miserável! Culpado é e justa foi sua morte.
Tu e teu preferido esculpiram a culpa que hoje há em mim, e pelo teu erro tenho pagado durante toda a minha existência. O medo do amanhã me assombra, do castigo eterno, do miserável troco que receberei por ser simplesmente humano.
Pois se estivesse eu naquele tribunal condenar-te-ia com todas as forças, os rastros de seus crimes nos assombram até hoje. Tu seguiu um caminho e toda a humanidade foi atrás, tenho medo que seja tarde demais para retornar.
Só sei de uma coisa, que ao menos uma vez no mundo a justiça foi feita.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Da falsa transparência

Hipócritas, assim chamo a todos aqueles que se dizem transparentes. Agem como um rio a qual se pode ver através da límpida água, nada mais que uma ilusão.

Aqueles que tanto defendem conceitos que mal conhecem bem, como sinceridade e honestidade, traem a si e a aos outros. Esse límpido rio mais parece uma galeria de esgoto, fétida e suja, habitada pelos mais diversos seres repugnantes. E é disso que tens corrido desde o início da sua existência, da podridão do seu "eu"

Não seria você mesmo enclausurado em um hospício se deixasse que seus mais íntimos pensamentos saltassem à sua boca? Quantas vezes já disse algo e pensavas completamente o contrario? Quantas vezes já se recriminou por pensamentos obscuros, imorais e deliciosamente inevitáveis?

És tão incompetente, não consegue domar suas paixões e tão pouco consegue montar para si uma máscara competente. Na realidade social não basta ser, é necessário parecer também, e disso sabeis há muito tempo. Na prática isso não funciona tão bem.


Quando rachada por um murro, ofendido por duras palavras, tu catas os pedaços de sua máscara no chão, aos prantos, sente-se tão exposto: "Como pode alguém dizer isso a mim?". Não era a transparência que procuravas? Ai está, bom aproveito!. O mais duro é reconhecer sua face no reflexo da ofensa, já fostes desmascarado alguma vez? Qual foi a sensação?


Adornai sua máscara com fortes cores e enfeites, mas faça dela sólida e resistente, não há de levar poucos murros durante o caminho.

Mais hipócritas ainda são aqueles que louvam essa falsa virtude, essa invenção humana, cruel e obsoleta. Admiram nos outros tamanha transparência, sem saber que sairiam correndo se pudessem ver mais que dois dedos desse profundo rio chamado consciência.

No reino da hipocrisia tendes de sentar à mesa, hora com amigos, hora com inimigos. Sirva-se e não pense duas vezes. Com amigos há de tirar a máscara por um breve instante, ela pesa muito e seria impossível permanecer com ela por todo o tempo. Mas não permita que vejam mais que o necessário, pois se vissem provavelmente não seriam mais seus amigos. Enquanto aos inimigos, mostre-se a mais bela das máscaras, e permita que te invejem, a inveja alheia é o combustível para o sucesso e um belo enfeite para seu cartão de visitas.

Portanto mate essa quimera, não há transparência, há um jogo de pressão, apenas. Encare o personagem, vista a fantasia (não é isso que tens feito por toda a vida?). Os melhores lugares estão reservados para os melhores atores, sobre esse assunto basta.